Generais birmaneses ameaçam "tomar medidas" contra monges
No sétimo dia consecutivo de manifestações, a junta militar birmanesa começou ontem a dar sinais de impaciência. Confrontados com um protesto que juntou cem mil pessoas, lideradas pelos monges budistas, nas ruas de Rangun, os militares ameaçaram "tomar medidas" contra os religiosos que violem as "regras de obediência aos ensinamentos budistas".
"Marchamos pelo povo", exclamou um dos monges através de um megafone. Os religiosos lideram o maior movimento de protesto das últimas duas décadas contra a junta militar. Tudo começou a 19 de Agosto com as primeiras manifestações contra o aumento dos preços do petróleo e dos transportes públicos.
Ontem, o açafrão dos hábitos dos monges quase se perdia no meio dos civis que se lhes juntaram em Rangun e em Mandalay, centro religioso e segunda maior cidade da Birmânia.
Os media birmaneses, controlados pelos militares, garantem que os protestos resultam de "uma conspiração organizada do exterior" e admitem que a situação ficou mais complicada desde que os manifestantes desfilaram frente à casa de Aung San Suu Kyi. No sábado, a líder da oposição e Nobel da Paz, que passou 12 dos últimos 18 anos presa, saudou os monges a partir da residência onde está detida desde 2003.
EUA, ONU e UE pediram "contenção" aos militares para evitar uma repressão como a de 1988. O Dalai Lama, autoridade moral do budismo tibetano, também pediu "compaixão" aos generais e disse "rezar pelo sucesso do movimento pacifista" na Birmânia. | com agências